SDG/ESG

“Empresas precisam formar e desenvolver lideranças conscientes”

Como a abordagem do Capitalismo Consciente pode fortalecer a agenda ESG 

 

“Empresas precisam formar e desenvolver lideranças conscientes” Essa foi a pergunta que trouxe a Juiz de Fora a professora convidada da Fundação Dom Cabral, coautora do livro “ESG: a referência da responsabilidade social empresarial”, conselheira e embaixadora certificada do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, Francine Póvoa, para participar da última reunião do ano do Fórum ESG Juiz de Fora. Ancorado nos pilares Liderança consciente, Propósito maior, Orientação para stakeholders e Cultura organizacional consciente, a nova forma de conceber o sistema capitalista prescinde que as empresas invistam e capacitem seus líderes. 

 

“A gente tem percebido que as empresas que adotam os pilares do capitalismo consciente e formam e desenvolvem lideranças preparadas para lidar com assuntos tão complexos, como os desafios na área social, ambiental e de governança, são as que têm obtido os melhores resultados”, observou Francine, ao destacar a contribuição indispensável dos líderes na consolidação de mudanças mais aderentes aos novos tempos. 

 

“O papel da liderança nesta agenda é muito importante, porque é ela que puxa essa pauta dentro de uma empresa. Ela que estimula a organização e o time a terem clareza do propósito maior que levará à construção da cultura organizacional consciente. É um agente crucial para a transformação que vai agilizar a agenda ESG. Lideranças conscientes têm características muito diferentes às demais, como uma sensibilidade maior para as pessoas, para o cuidado com as pessoas, sejam elas colaboradores, clientes ou fornecedores. Elas têm firmeza e convicção em relação ao propósito próprio e ao da organização”, afirmou a consultora. 

 

Entre os atributos que definem uma Liderança consciente estão inteligência sistêmica, inteligência emocional, inteligência espiritual, amor e cuidado, liderança servidora, integridade e impacto e influência. “Muitas vezes a gente vê um discurso muito desalinhado da prática dentro das organizações”, observou Francine. 

 

Isso se dá, porque a mudança não está sendo conduzida da forma adequada. O jeito mais eficiente de promover e estimular a agenda ESG, como mostram pesquisas, relatórios e cases é a conscientização dos que estão à frente dos negócios. “Tudo começa com eles. É preciso sensibilizá-los, prepará-los para essa realidade. Afinal, a transformação começa a partir das pessoas”, disse Francine para uma plateia atenta formada por representantes de diversas empresas entre públicas e privadas.  

 

Como se define o propósito de uma organização? 

 

Que diferença queremos fazer no mundo com este negócio? O mundo fica melhor com a nossa presença? Sentirão nossa falta se deixarmos de existir? Esses são os questionamentos que uma empresa deve fazer, a fim de identificar o propósito maior que justifica sua razão de ser e estar no mundo.  

 

De acordo com a consultora Francine Póvoa, essa reflexão é absolutamente necessária, porque as pessoas, de modo geral, buscam marcas que dialogam com seus próprios valores, seja nas relações de consumo, seja nas relações trabalhistas, por exemplo.  “O propósito dos negócios é resolver os problemas das pessoas e do planeta de forma lucrativa e não lucrar em causar problemas”, ponderou, citando frase do Professor na Columbia University e co-chair do Enacting Purpose Initiative, Colin Mayer. 

 

Um propósito claro e aderente às práticas empresariais é fundamental para a construção da Cultura consciente, alicerçada em bases, como confiança, responsabilidade, cuidado, transparência, integridade, equidade e lealdade. “A cultura das organizações diz respeito aos ativos psicológicos que definirão o que irá acontecer com os ativos financeiros nos próximos anos”, explicou a consultora. 

 

Quando os valores e as crenças dos líderes, gerentes e supervisores mudam, suas ações e seus comportamentos também mudam. Como consequência, valores e crenças da cultura da organização se transformam igualmente, alterando as ações e os comportamentos empresariais. Tudo isso ancorado em outra base fundamental do Capitalismo Consciente que é a Orientação para stakeholders, ou seja, a adoção de uma mentalidade que harmoniza os interesses de todas as partes envolvidas no negócio. 

 

Entre as perguntas que norteiam este pilar estão: se esta decisão for tomada, quem será beneficiado e quem será prejudicado? Esta decisão reforça os direitos e valores de quem? Que tipo de pessoa me tornarei se tomar esta decisão? Qual será o meu legado? Para não deixar dúvidas sobre se vale mesmo a pena o investimento na agenda ESG com o impulso do novo olhar sobre o sistema capitalista, Francine finalizou sua apresentou com o gráfico abaixo que mostra porque as melhores empresas para o país são também as mais lucrativas. 

 

“Empresas precisam formar e desenvolver lideranças conscientes”