Entrepreneurship

“Se as famílias não estiverem bem financeiramente, as empresas não estarão e nem o país”

Alerta foi feito pela Pós-doutora em Finanças pela Universidade de Colúmbia, Fernanda Finotti, durante “Conversa com especialista”, no Moinho

 

Fernanda Finotti no Moinho

“É uma quebra de expectativa positiva muito grande, porque sempre que temos a oportunidade de conversar com alguém da área de finanças pensamos em um universo de ciências exatas, mas você trouxe uma pitada muito humana para sua apresentação”. Foi assim que o jornalista Danilo Martins, atento na plateia, definiu a “Conversa com o Especialista” realizada na terça-feira (12) com a secretária municipal de Fazenda da Prefeitura de Juiz de Fora, Fernanda Finotti.

 

Pós-doutora em Finanças pela Universidade de Columbia/NY e professora titular da UFJF, ela fez um paralelo entre vida pessoal e profissional. Para uma ir bem, a outra também deve estar, disse, ao apresentar sua trajetória pessoal.

 

Nascida em Carangola (MG), Fernanda já atuou profissionalmente na Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe), além de ser cofundadora da Financeiramente Pleno – empresa própria que ajuda a definir, alinhar e executar plano estratégico personalizado, considerando metas e recursos disponíveis -, e investidora anjo da Macabéa Pousada Paraty.

 

“Hoje, na Prefeitura de Juiz de Fora, administro orçamento de R$ 2,5 bilhões. Para o tanto de gasto que temos é pouco, e falta dinheiro para muita coisa. Não importa o quanto se ganha, e sim como se gasta”, frisou Fernanda Finotti. Ela observou ainda que o Brasil não será um país rico se todo mundo estiver passando dificuldade financeira. Família é a menor unidade econômica. Se ela não estiver bem, as empresas não estarão e nem o país.

 

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A importância do autoconhecimento

Após falar de sua própria jornada, Fernanda Finotti garantiu que ela não se resume a seu currículo, e aconselhou o público sobre a importância do autoconhecimento. “Eu falei do meu currículo, dos relacionamentos que tive, mas essa não sou eu. Para falar a vocês quem eu sou hoje, teria que ficar muito mais do que 30 minutos, e, mesmo assim, não seria suficiente. Nem eu sei a resposta para isso. Eu mudei muito nesse período, não foram só os empregos e as formações acadêmicas, o meu olhar para o mundo mudou. O processo de autoconhecimento é uma coisa que não se encerra. Precisamos olhar para gente, e não para esse monte de etiqueta que nos colocam. Sou alguém em processo de descoberta”.

É preciso saber aonde se quer chegar

A especialista também destacou que é muito importante reconhecer o momento de parar. Ao se tornar gestora pública, ela precisou fazer uma escolha. “Foi muito difícil deixar a academia para começar na gestão pública. À medida que alguma coisa dá certo, ela se torna um fardo na sua vida. Ao decidir pela gestão pública, quis me dar esse direito à novidade. Não quero ficar fazendo uma coisa, só porque sou boa. Há o ponto de parada”.

 

Ao fazer um balanço de sua vida, Fernanda constatou a importância de se ter um propósito, de saber aonde se quer chegar. Ela brincou que o seu era ajudar as pessoas, por isso o Universo lhe deu um monte de problemas diários. Agora, deseja viver em um mundo mais pleno e mais rico em valores e sentimentos. Deseja ver pessoas mais felizes e quer contribuir para isso.

 

“Cuidado com o que você deseja. Essa definição de propósito é muito importante, porque para onde a gente estiver olhando, é o que nós estaremos vendo. Não tem jeito de ver estrelas se você não olhar para o céu. Esse é o caminho que está escolhendo, e é isso que vai enxergar. Nos negócios, esse propósito é muito importante. É ele que você colocará na frente, será seu cartão de visitas. O propósito não é estático. Ele muda”, disse Fernanda.

Planejar para enfrentar os riscos

Como estamos em um mundo que muda a todo instante, é preciso que haja muito planejamento. Fernanda usou exemplos para explicar que o processo não deve ser um ponto de corte e que mudanças devem ser realizadas gradativamente para evitar os riscos. “Você dá um passo e o mundo te manda para trás, para que afirme seu propósito e sua mudança. Esteja seguro, faça devagar, avaliando os riscos e com planejamento. Em transição de carreira, o planejamento tem que acontecer nos níveis da pessoa física e da jurídica”, observou a secretária municipal.

 

“Muita gente larga emprego para começar negócio novo, mas não pensa como sobreviverá por um ano até que o negócio mature. Uma empresa nova é como um bebê. Não se pode querer que ele cuide de você. É você quem tem que cuidar dele, até que ele tenha perna suficiente para fazer o contrário”, continuou Fernanda.

 

“Você faz um investimento e se não estiver preparado financeiramente como empreendedor e pessoa, cobra do projeto o que ele não pode dar. Aí quebra e coloca a culpa no negócio, dizendo que era ruim, mas na verdade foi o planejamento de pessoa física que não foi suficiente”.

 

Depois do planejamento, é necessário controlar, readequar e redirecionar os recursos, à medida que o controle permite. Fernanda acredita que de tempos em tempos é preciso parar para fazer a reavaliação. Nesse momento descobre-se a impermanência, a consciência e a gratidão.

 

“Não me desespero mais com as coisas que deram errado. Demorei para aprender isso. Só há um jeito de aprender: vivendo. Vivam e tentem ser gentis com vocês mesmos quando o resultado não for tão bom assim como imaginavam”.