O primeiro dia do Festival de Inovação Social de Juiz de Fora realizado pelo Moinho em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora com o objetivo de incentivar o desenvolvimento urbano sustentável reuniu especialistas da Saúde que discutiram sobre o cenário atual e as perspectivas de futuro para o sistema na cidade e na Zona da Mata.
O painel “Boas Práticas no Brasil” contou com a participação do fundador da Fourge (Porto Alegre – RS), Luciano Mantelli, e do Diretor de Operações da Rede Mater Dei de Saúde (Belo Horioznte – MG), José Henrique Salvador. “Me incomodava muito quando alguém dizia que cultura não se muda rápido. Esse era o principal motivo para isso não acontecer. Essa desculpa se transforma no grande peso para que não haja mudança”, observou Luciano, ao se referir ao que mais ouvia dentro as organizações.
“Boas práticas é tudo aquilo que conseguimos fazer virar prática. Na consultoria, passamos a falar que cultura muda de um dia para o outro. Basta querer. Isso não significa que vai mudar tudo no mesmo dia, mas significa que você muda a seta para cima e o nível de resposta é outro. Eu acredito muito que cultura não é uma matéria, não podemos colocar mudança de cultura em uma caixinha separado de resultado, processo, modelo. A cultura precisa ser algo que a gente instiga, a partir do momento que a começamos a trabalhar as matérias”, acrescentou Luciano.
“Redesenhamos os nossos valores e um deles é inovação e pioneirismo. E uma atividade que trabalhamos com muita força é a habilidade de entender que as pessoas têm que errar, corrigir rápido os seus erros, mas que precisam experimentar. O que a gente tem tentado é diminuir a punição ao erro, e fazer com as pessoas possam efetivamente experimentar dentro das suas áreas”, completou José Henrique Salvador.
Durante a apresentação, os dois painelistas destacaram a importância do autocuidado como a melhor estratégia para assegurar melhores resultados em Saúde. “No Brasil tem mais gente com plano de academia do que com plano de saúde. Isso só mostra que a discussão não pode ser entre hospital e operadora. Não colocamos academia e plano de saúde nessa conta, porque estamos falando de um modelo em que práticas de cuidado têm a ver com esporte, nutrição, autocuidado apoiado. Somos enganados em pensar que cuidar da doença é seguro. Quando falamos em saúde, estamos olhando para as coisas erradas. A saúde não está em cuidar somente da doença”, afirmou Luciano.
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Tarde foi marcada pelo compartilhamento
Para debater o tema “O sistema de saúde em Juiz de Fora”, foram convidados o economista da Ultrimagem, Anderson Mattozinhos, a médica e diretora da Unimed Juiz de Fora, Nathércia Abrão, e o subsecretário de Planejamento da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora, Leonardo Azevedo.
“Juiz de Fora não é uma cidade deficiente no ponto de vista de equipamento de saúde, muito pelo contrário, é uma cidade altamente resolutiva, com tecnologia de ponta, mas que ainda falta integrar todo o aparelho privado ao público. Nós somos uma empresa 100% privada, mas talvez sejamos uns dos poucos na cidade que tenha interface com a parte pública. Estamos presentes dentro de um hospital filantrópico que atende ao Sistema Único de Saúde”, observou Anderson. “Por estarmos em duas realidades diferentes, conseguimos ter uma visão distinta de como o sistema de saúde funciona. O cenário econômico especifico é muito desafiador. Por isso, talvez seja uma das principais relevâncias desse evento”.
Para o subsecretário de Planejamento da Secretaria de Saúde, Leonardo Azevedo, o Festival de Inovação conversa muito com o esforço que a Prefeitura tem feito, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (SEDIC), comandada pelo secretário Ignacio Delgado, na criação do grupo de trabalho denominado Missão Saúde.
Ele abordou o conceito de cidade sustentável e os pilares para sua construção, assim como apresentou as prioridades da gestão municipal baseadas no Fortalecimento da Atenção Primária; Ações e políticas de promoção em Saúde; Planejamento ascendente e participativo; Informatização e modernização da gestão e Melhor organização e qualificação da rede contratualizada.
Diretora de Provimento e Saúde da Unimed Juiz de Fora, Nathércia Abrão destacou o momento atual na saúde e falou sobre o ecossistema desenvolvido pela cooperativa. “Nós queremos uma atenção integral de saúde, e para isso o mais importante é a coordenação do cuidado e a linearidade das ações”, pontuou.
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Acesso qualificado para a população é tendência
Tendências para o setor foi outro tema debatido no primeiro dia do Festival com a participação do diretor presidente do Hospital Albert Sabin, Célio Chagas, do diretor na Policonsultas, João Paulo Ghedim, e do professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Renato Nunes.
“Gostaria de dizer que tendência é um assunto extremamente amplo, mas que tem algumas premissas interessantes. O sistema de saúde necessita cada vez mais ser integrado, sustentável, com acesso qualificado à população. Se tivermos esse conjunto funcionando, o grande beneficiado será o paciente”, disse Célio Chagas.
Com a oferta de consultas em várias especialidades médicas e exames a preços mais acessíveis para a população, a Policonsultas não se propõe a substituir o plano de saúde, pois não oferece serviços de internação hospitalar, explicou João Paulo Ghedim. “Mas para um nível ambulatorial é um serviço de qualidade com baixo custo pois dispensa o pagamento de mensalidade, sem custo fixo para o usuário.
Representante da UFJF, Renato Nunes falou sobre nutrição e contou que se especializou no acolhimento e no entendimento de gente. “Quando falamos em tecnologia e inovação, temos que pensar em pessoas. A nutrição é a mãe de todas as ciências da saúde, porque sem ela nenhuma outra funciona. Vivemos em um mundo tão tecnológico, que o ser humano ainda não entendeu que a base é alimentar”, disse, citando exemplos de como uma boa alimentação é primordial para a boa saúde.
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Tecnologia para atender mais pessoas
Tecnologia e Inovação em saúde também estiveram em pauta. Os convidados para essa mesa foram o representante da empresa MaisLaudo, Antônio Miranda, o médico Gustavo Ramalho, representando o Hospital Monte Sinai, e Celso Moraes, da Fadepe/UFJF. A MaisLaudo emite laudos médicos a distância, utilizando plataforma web. A tecnologia é usada como base de otimização, para que a empresa ofereça seu diferencial. “Atualmente estamos presentes em 1.100 municípios e isso significa levar saúde para lugares que não têm acesso”, argumentou Antônio.
No Hospital Monte Sinai, “temos Inteligência Artificial como auxílio na estruturação de dados, para otimizar processos e balizar a tomada de decisão; Telemedicina como apoio ao diagnóstico e implementação da terapia em síndrome coronariana aguda e Acidente Vascular Encefálico; Medicina Regenerativa: referência em tratamento e pesquisa com Células-Tronco, e impressões 3D para cirurgias minimamente invasivas”, observou Gustavo Ramalho.
Já Celso Moraes explicou que a Universidade Federal de Juiz de Fora é um meio, e por isso tem papel importante e relevante na entrega e no desenvolvimento da inovação e da tecnologia que vão culminar nos interesses da sociedade e no bem-estar social.
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Regionalização pode ser ampliada
Polo regional de saúde, a Zona da Mata foi tema de mesa redonda que reuniu o médico e professor do Hospital Universitário, Dimas Araújo, e o Diretor da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora, Renan Guimarães. “Hoje somos referência em atendimento na área da saúde e do ensino, mas podemos melhorar. Pretendemos retomar, no próximo ano, a conclusão do hospital universitário”, disse Dimas.
Para o diretor da Regional de Saúde, “inovação tem relação com novos serviços, novos processos e uso de novas tecnologias. Além disso, a inovação na saúde é fundamental para a melhoria da qualidade do sistema”.
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